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Formação

Faz uma curta passagem pelo balé ainda criança. Porém, sua formação mais intensa inicia-se de fato em 1978, na Academia Azul, quando faz aulas de jazz e, posteriormente, de balé clássico. Na década de oitenta, faz aulas com inúmeros coreógrafos e professores de destaque em Pernambuco, a exemplo de: Sue Holder, Lúcia Kelner e Isabel Sehbe, no jazz; Mônica Japiassú e Bernot Sanches, na técnica de dança moderna; Luiz Roberto, Eduardo Freire e Carol Lemos, no balé; Airton Tenório, e Suyene Simões, na dança contemporânea. Investe, desde essa época, em viagens para o Rio de janeiro e São Paulo, entre outros lugares, em busca de aulas de técnicas diversificadas, com professores como: Jefferson Baun (EUA), no balé; Vilma Vernon (Rio de Janeiro) e João Maurício (São Paulo), no jazz; Jennifer Muller (USA) e John Brooks (USA), na dança moderna; e Veta Guller (USA), Mário Nascimento (São Paulo), Dudude Hermann (Belo Horizonte) e Mirian Druwe (São Paulo), na dança contemporânea.

 

Sobre o contexto de dança no Recife, na época em que desenvolve sua formação, conta:
“Naquela época, a única coisa forte que tinha era o Balé Popular e um evento que se chamava Ciclo de Dança, que trazia muitos coreógrafos de fora. Então tive oportunidade de fazer aula com pessoas muito boas e conhecer diversas técnicas. Foi quando eu realmente senti necessidade de começar a viajar e fazer cursos nas férias, no Rio de Janeiro ou em São Paulo, normalmente com esses professores e coreógrafos que tinham vindo a esses eventos. (…) Aqui no Recife eu fiz aulas em vários lugares”. (Lira, M. 2003)

Atuação

Sua importância para o cenário da dança recifense engloba todas as funções com que nele atua. Como bailarina, compõe de 1989 a 1992 o corpo da Cia dos Homens, grupo pioneiro em dança contemporânea em Pernambuco. Em dezembro de 1993, funda o Grupo Experimental, no qual dança até o ano de 2002 e continua como diretora e coreógrafa. O Grupo Experimental se constitui como um dos poucos grupos profissionais permanentes que mantém um trabalho diário. A partir de 1997, funda e dirige o Espaço Experimental, que, além de funcionar como espaço de aulas e ensaios do grupo, mantém-se como uma das escolas estáveis de Recife na formação de bailarinos em dança contemporânea. Entre os trabalhos de produção realizados, destaca-se a sua participação como criadora e coordenadora do Festival de Dança do Recife, de 1996 a 2002. O reconhecimento da relevância de sua participação na cena local rende-lhe o convite para representar a dança no Conselho de Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife, de 2001 a março de 2003.

 

Em 2004, Mônica Lira atua como diretora e professora do Espaço Experimental e diretora e coreógrafa do Grupo Experimental.

Bailarina

Seus principais trabalhos são: as coreografias Corpo Espírito (1989), Três Histórias (1989) e Povo D’água (1990), da Companhia dos Homens, na época sob a direção de Airton Tenório; a coreografia Eye to Eye (1994), de Marcelo Pereira, pelo Grupo Experimental; o espetáculo Zambo (1997), do Grupo Experimental, concebido pela própria Mônica Lira e por Sonaly Macedo e inspirado no Movimento Mangue; a coreografia do Grupo Experimental Severina Mendonça (1999), de Jorge Garcia, bailarino e coreógrafo integrante, em 2004, do Balé da Cidade de São Paulo; e o espetáculo Quincunce (2000), coreografado pela própria Mônica Lira, no Grupo Experimental, que, neste trabalho, transpõe para a dança imagens sugeridas pela história do famoso edifício de Boa Viagem, o Holliday.

 

Sobre sua profissionalização como bailarina, conta:
“No final da década de 80, quando entrei na Cia. dos Homens, ingressei mais profissionalmente na carreira de bailarina. Nesta companhia, passei quatro anos aproximadamente, e foi nela que realmente a gente começou a desenvolver o trabalho que era o sonho de qualquer bailarino, ou seja, tentar sobreviver da dança, escrever projetos e encontrar uma maneira de trabalhar a dança durante mais tempo”. (Lira, M. 2003)

Coreógrafa

Os principais trabalhos de sua autoria coreográfica são os espetáculos apresentados no projeto Experimental 10 Anos, que mostra uma retrospectiva dos espetáculos do grupo em 2003: Zambo (1997), uma criação conjunta com Sonaly Macedo, inspirada no Mangue Beat, remontada por Mônica Lira em 2003; Quincunce (2000), sobre o edifício Holiday; Barro-Macaxeira (2002), uma co-criação de Mônica Lira e duas bailarinas do grupo na época, Valéria Vicente e Helijane Rocha, inspirado na movimentação e imaginário dos transportes públicos; e Lúmen (2002), que transporta para a dança contemporânea imagens retiradas do repertório de filmes que povoam a imaginação da coreógrafa e dos bailarinos. A Quincunce e Lúmen atribui uma importância maior para seu trabalho como coreógrafa, por ser a única responsável pelas coreografias que os compõe.

 

Sobre o percurso de sua carreira como coreógrafa, conta:
“É muito difícil eu dizer em que coreógrafo eu realmente me inspirei para começar a desenvolver meu trabalho de criadora. Todas as pessoas com quem fiz aulas me deixaram alguma coisa, mas nenhuma de suas técnicas foi a responsável por me inspirar, por eu começar a criar e a me desenvolver como coreógrafa, porque, quando comecei, muito jovem, era mais voltado para minhas aulas. (…) Quando a gente começou a trabalhar no Grupo Experimental, a partir de dezembro de 1993, a gente já tinha um trabalho mais voltado para uma profissionalização, e já trabalhava mais a dança contemporânea. (…) Mas foi a partir de 97, que a gente realmente começou a pesquisa de um movimento nosso”. (Lira, Mônica 2003)

Professora

Começa a ensinar cedo, como uma forma de manter-se e poder investir em sua carreira de bailarina, de forma que chega a dar aulas, desde a década de 80, em várias escolas de dança da cidade. Passa, entre outros, pelos seguintes espaços de danças e/ou grupos: Academia Anita (1984/1988); Academia Azul (1985); Academia Corporal (1984/1986); Academia Nelma Guerra (1986); Carolemos Dançarte (1988); Mônica Japiassú (1989/1990); e Oficina de Dança do Recife (1992/1994). Como professora convidada, na década de 90, ministra cursos nos seguintes espaços e/ou grupos: Balé Municipal de Natal/RN, onde chega a realizar audição para novos bailarinos; Grupo Raça/SP; Balé Municipal de Diadema/SP; Sem Censura Cia. de Dança/PB; Projeto de Recuperação de Presos, nos presídios Aníbal Bruno e Barreto Campelo; Conselho de Danza Del Peru; Circuito Pernambucano de Dança, nas cidades de Ouricuri, Garanhuns, Cabo, Camaragibe, Petrolina, Bezerros e Caruaru. Desde 1997 atua permanentemente como professora de dança contemporânea do Espaço Experimental, do qual também é diretora.

 

Sobre a importância que sua atuação no ensino de dança tem para a carreira de bailarina e coreógrafa, declara:
“Sempre estava dando aulas em vários locais para ter como me manter, e esse dinheiro eu investia nas viagens, nos cursos, nas pessoas com quem eu tinha marcado de desenvolver um trabalho. Foram mais ou menos 10 anos em que ensinava e viajava para conhecer outros trabalhos, e, paralelamente a isso, vinha sempre trabalhando o lado da criação coreográfica nas escolas, o que desenvolveu em mim o gosto por coreografar”.(Lira, M. 2003)

Produtora

Ligada à sua carreira artística está a sua atuação como produtora, na maior parte dos casos, dos próprios espetáculos de que participa, ora como bailarina, ora como coreógrafa, a exemplo de: Alice no País das Maravilhas (1992), pela Oficina de Dança, sob sua direção; e todos os espetáculos realizados pelo Grupo Experimental, alguns com a participação de outros produtores, como Marcelo Zamora (SP) e Afonso Oliveira (PE). Em 1995, produz o Encontro Pernambucano de Dança; mas é de 1996 a 2002 que se localiza uma de suas maiores contribuições como produtora cultural, com a realização de sete versões do Festival de Dança do Recife, juntamente com outros produtores, como Shiro e Andréa Carvalho. Como produtora desenvolve as atividades do grupo através de editais e projetos com leis de incentivo, dos quais destacam-se: Estímulo a Dança/Funarte (1998), com a finalidade de circulação do espetáculo Zambo, do Grupo Experimental; Projeto Nordestes (1999), realizado no SESC/Pompéia, em São Paulo, com o espetáculo Zambo; SIC/2000, Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife, PCR, com o espetáculo Quincunce, do Grupo Experimental; EnCenaBrasil (2002), pelo Ministério da Cultura, com o espetáculo Lúmen, do Grupo Experimental; e os projetos Experimental 10 Anos Funcultura (2003). Em 2004 o Grupo Experimental tem, novamente, um projeto aprovado pelo Funcultura, Projeto Arquitetura no Corpo, que dá origem ao espetáculo Postais. Em 2003 foi a produtora proponente junto ao Funcultura do Projeto Acervo RecorDança, realizado sob a coordenação de Valéria Vicente.

Processos criativos

Os elementos em que se inspira e o tratamento que dá a eles vão se diversificar ao longo de sua carreira como coreógrafa. Por tê-la iniciado com coreografias de encerramento anual das escolas em que atua ensinando, a idéia inicial ou o roteiro, em suas primeiras criações, não partem de si, mas, na maioria das vezes, da própria diretoria da escola. É, portanto, a partir da existência do Grupo Experimental, mas, sobretudo, a partir da montagem de Zambo, que se identifica, de fato, um maior investimento num processo de criação, englobando desde os elementos inspiradores até uma preocupação em como estes componentes chegam ao movimento coreográfico. Baseia-se prioritariamente no seu entorno, em sua cultura, levando para a cena e para o corpo o momento presente e o meio em que vive. Utiliza-se, na sua pesquisa, de entrevistas, produção de imagens, e laboratórios de criação de movimentos, aproveitando, na maior parte dos casos, movimentos experimentados nas próprias aulas de dança contemporânea da coreógrafa. Basicamente, o processo de criação se desenvolve a partir de temáticas relacionadas à cultura em que vive, e a construção coreográfica mescla movimentos inspirados nestas informações e na dança popular local, com outros testados em sala de aula, além dos laboratórios promovidos nos ensaios com os bailarinos, nos quais um diferencial costuma ser o experimento de duos, trabalhando noções de peso, leveza e condução do movimento.

 

Sobre como encara o processo de criação, declara:
“Tudo que a gente armazena no nosso corpo vem à tona em algum momento. (…) Até andando, você reflete isso. O seu movimento, o seu gesto, é o que você tem durante a vida. O processo de criação é isso. O que, talvez, alguns coreógrafos fazem é juntar todas as informações e mergulhar em alguma técnica específica, estudar, ver que tipo de relação aquela técnica pode trazer para o movimento, para a vida, para a criação, para o que se quer colocar em cena”. (Lira, M. 2004)

Cronologia Profissional

1984/1986 – Recife PE – professora de jazz, na Academia Corporal
1984/1988 – Recife PE – professora de jazz, na Academia Anita
1985 – Recife PE – professora de jazz, na Academia Azul
1986 – Recife PE – professora de jazz, na Academia Nelma Guerra
1987 – Recife PE – professora de jazz, na Academia Corpo e Energia
1988 – Recife PE – professora de jazz, na Carolemos Dançarte
1989/1992 – Recife PE – bailarina da Cia. dos Homens
1989 – Recife PE – bailarina no espetáculo Na Cor Lilás ou Morrer de Amor, da Cia. dos Homens – Teatro Barreto Júnior
1989/1990 – Recife PE – professora de jazz na Academia Mônica Japiassú
1990 – Recife PE – bailarina na coreografia Outono, da Cia. dos Homens
1990 – Recife PE – bailarina da coreografia Glória, no VIII Ciclo de Danças do Recife – Pátio de São Pedro
1990 – Recife PE – bailarina na coreografia Povo d’Água, da Cia dos Homens, na VI Mostra de Coreografias do VIII Ciclo de Danças do Recife – Teatro Santa Isabel
1991 – Recife PE – bailarina na coreografia B de Beatles, da Cia. dos Homens, no Projeto Estação Dançar – Pátio de São Pedro
1991 – Recife PE – bailarina na coreografia Sem, da Cia. dos Homens
1991 – Recife PE – bailarina na coreografia Entre Homens e Lobos, da Cia. dos Homens, na mostra Companhia dos Homens em Retrospectiva – Teatro do Parque
1991 – Recife PE – bailarina na coreografia Três Histórias, da Cia. dos Homens, na mostra Companhia dos Homens em Retrospectiva – Teatro do Parque
1991 – Recife PE – bailarina na coreografia Corpo Espírito, da Cia. dos Homens, na mostra Companhia dos Homens em Retrospectiva – Teatro do Parque
1992 – Recife PE – co-fundadora da Oficina de Dança do Recife
1992/199_ – Recife PE – diretora e professora de balé clássico, barra solo e jazz – Oficina de Dança do Recife
[199_] – Recife PE – professora de jazz, na Academia Jandira Ayran
[199_] – Recife PE – professora de jazz, na Ária Espaço de Dança e Arte
[199_] – Recife PE – professora de jazz, na Academia Casa Forte
[199_] – Recife PE – professora de contemporâneo, na Academia Pas de Quatre
[199_] – Recife PE – professora de jazz, no grupo Compassos Cia. de Dança
[199_] – Recife PE – professora de jazz, no Studio de Danças
1993 – Recife PE – co-fundadora do Grupo Experimental
1993 / 2004 – Recife PE – diretora do Grupo Experimental
1993 – Olinda PE – bailarina na coreografia Eye to Eye, do Grupo Experimental – Softel Quatro Rodas
1993 – Olinda PE – bailarina na coreografia Na Medida da Saudade, do Grupo Experimental – Softel Quatro Rodas
1993 – Olinda PE – diretora, coreógrafa e bailarina da coreografia O Amor que Você tinha, do Grupo Experimental – Softel Quatro Rodas
1995 – Recife PE – bailarina na coreografia Quando as Cobras Mudam, do Grupo Experimental – Janeiro de Grandes Espetáculos – Teatro do Parque
1995 – Recife PE – bailarina na coreografia Nada Muito Sério, do Grupo Experimental – Janeiro de Grandes Espetáculos – Teatro do Parque
1995 – Caruaru PE – diretora da coreografia Sonata, do Grupo Experimental – Teatro do SESC
1995 – Recife PE – bailarina na coreografia Colage, do Grupo Experimental, no Quartas Livres – Teatro Barreto Júnior
1996 – Campina Grande PE – diretora da coreografia Nana Nina, do Grupo Experimental, no XXI Festival de Inverno de Campina Grande – Teatro Severino Cabral
1996 – cria e produz junto a Shiro e Andréa Carvalho o Festival de Dança do Recife
1997 – fundadora e diretora do Espaço Experimental
1997 – Recife PE – diretora, coreógrafa (juntamente com Sonaly Macêdo) e bailarina do espetáculo Zambo, do Grupo Experimental – Hermilo Borba Filho
1998 – Recife PE – bailarina na coreografia Ninguém se Perde no Caminho de Volta, do Grupo Experimental – III Festival de Dança do Recife – Teatro do Parque
1999 – Recife PE – bailarina na coreografia Severina Mendonça, do Grupo Experimental – Janeiro de Grandes Espetáculos – Teatro do Parque
2000 – Recife PE – diretora, coreógrafa e bailarina do espetáculo Quincunce, do Grupo Experimental – Teatro Hermilo Borba Filho
2002 – Recife PE – diretora e coreógrafa (juntamente com Helijane Rocha e Valéria Vicente) do espetáculo Barro-Macaxeira, do Grupo Experimental
2002 – Recife PE – diretora e coreógrafa do espetáculo Lúmen, do Grupo Experimental – Teatro Armazém
2003 – Recife PE – diretora e coreógrafa dos espetáculos Zambo, Quincunce, Barro-Macaxeira e Lúmen, do Grupo Experimental – Projeto Experimental 10 Anos – Teatro Armazém

Observações

As informações desta biografia foram atualizadas até maio de 2004.

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