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Registro em audiovisual de entrevista com Maria Eduarda Gusmão, realizada pela equipe do Acervo RecorDança.

2012

Local: Casa Mecane, Recife, Pernambuco, Brasil

Duração: 74 minutos

Realização: Acervo RecorDança

Ficha Técnica

Assistente de pesquisa: Taína Veríssimo
Captação de imagem: BatukiStudio
Captação de som: BatukiStudio
Edição/finalização: BatukiStudio
Entrevistada: Maria Eduarda Gusmão
Orientadora: Roberta Ramos
Pesquisadora/entrevistadora: Ailce Moreira

 

Hospedagem: Vimeo

Tipo de arquivo: mp4

Suporte original: mp4

Colorido

Editado

Português

 

Número de registro: PE007827000101

 

Doadora: Ailce Moreira

Doado em 26 de junho de 2012

 

Detentor dos direitos autorais: Acervo RecorDança

 

Direitos de uso: este vídeo não pode ser reproduzido sem consentimento do detentor dos direitos autorais.

 

Fonte: GUSMÃO, Maria Eduarda Buarque de. Maria Eduarda Buarque de Gusmão: depoimento [2012]. Entrevistadora: M. Ailce. Recife: 2012. Entrevista concedida ao Projeto Acervo RecorDança.

 

Informações institucionais: entrevista concedida para o projeto de pesquisa “Como o vídeo muda a dança?”, incentivado pelo FUNCULTURA, com a pesquisadora Ailce Moreira como proponente.

Biografia

Formação

Inicia sua formação em balé clássico em 1972, no Curso de Danças Clássicas Flávia Barros. Em 1974, passa a ter aulas na Academia de Tatiana Leskova, no Rio de Janeiro, onde passa dois anos. Entre 1977 e 1983, continua seu aprendizado em balé clássico na Academia Mônica Japiassú, já no Recife. Adquire experiência em outros estilos de dança, participando de cursos, principalmente na década de 80, com professores de outros Estados e do exterior, como: consciência corporal, com Angel Viana (Rio de Janeiro); coreografia em grupo, com Rolf Gelewsky (Alemanha), em Salvador; jazz, com Lennie Dale (Rio de Janeiro); Mônica Brant (Recife) e Ricardo Ordonez (São Paulo); dança moderna, com Joe Alegado (USA), Suzana Yamauchi (São Paulo), Suzan Rose (São Paulo) e Debora Weaver (São Paulo); dança afro-contemporânea, com Elisio Pitta (Bahia); e dança popular, com Maria Paula Costa Rêgo (Recife). Em 1984, participa de curso de férias no Boston Conservatory (USA), e, em 1985, faz curso de dança moderna e coreografia no Bennigton College (USA). Entre 1985 e 1987, estuda no Julliard School (USA), onde entra em contato com a técnica de Laban e adquire conhecimento em composição. Em 1987, faz curso de dança e coreografia no Nikolais/Louis Coreospace (USA). Em 1992, vai estudar no Laban Center (Inglaterra), formando-se como professora dessa técnica um ano depois.

 

Sobre a importância do período nos Estados Unidos, reflete:
“O americano tem aquela visão bem sistemática. Você aprofunda muito sua compreensão. (…) O primeiro contato que eu tive com Laban foi lá na Julliard. E foi um momento em que eu comecei a ver, o que me dá uma certa pena, que a gente aprende muito dança nessa metodologia de repetição, e isso sempre me incomodou. Quando você começa a estudar o movimento, tem muito mais capacidade de criar, de ir além, e não ser apenas um repetidor.” (Gusmão, M. E. 2004)

Bailarina

Inicia sua carreira de bailarina muito nova, e destaca os seguintes trabalhos: o espetáculo O Capataz de Salema (1982), coreografado por Zdenek Hampl e Mônica Japiassú, e dirigido por Rubem Rocha Filho; o espetáculo Piazzolada (1983), uma homenagem ao compositor Astor Piazzolla, coreografada por Zdenek Hampl; o espetáculo O Anjo Azul (1983), baseado no filme homônimo de Ernest Lubisch, e coreografado por Mônica Japiassú. Em 1988, funda a Cia. Cais do Corpo e atua como bailarina em todos os trabalhos da companhia, dos quais também é coreógrafa. São eles: a coreografia Adreas (1990), com música da obra Carmina Burana; a coreografia Elástico (1990), que, posteriormente, é transposta para linguagem do vídeo-dança; a coreografia Pendor (1991), em que os bailarinos finalizam pendurados de cabeça para baixo; o espetáculo Heptágono (1991), formado por sete coreografias de temas diferentes e englobando as duas últimas coreografias citadas; o espetáculo Imagem (1995), cuja temática é o estímulo visual.

 

Sobre o seu contato com o coreógrafo Zdenek Hampl durante a criação do espetáculo O Capataz de Salema, revela:
“Zdenek foi realmente um marco. Foi quando eu entendi que dança podia ser uma expressão, mais do que uma repetição de passos. E que você podia estar falando alguma coisa e não imitando a professora, colocando 90 graus de perna ou dando piruetas.” (Gusmão, M. E. 2004)

Coreógrafa

Como coreógrafa, inicia sua carreira em 1985, durante os estudos na Julliard School, em Nova Iorque (USA). Nessa época, realiza os seguintes trabalhos: a coreografia Stalemate (1985), junto com a recifense Michelle Pereira; a coreografia Rondo (1985), com movimentações circulares executadas sempre no chão; a coreografia Kyrie (1985), com tema medieval e utilizando cantos gregorianos como trilha; as coreografias Untitled (1986) e Duet (1986), junto com Alan Brioso. Ao fundar o grupo Cais do Corpo, no Recife, dirige e coreografa todos os trabalhos da companhia, como: o espetáculo Heptágono, premiado pelo Festival Nacional de Teatro e Dança de João Pessoa e pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos e Espetáculos de Diversões do Estado de Pernambuco, SATED; e o espetáculo Imagem (1995), com coreografias baseadas nos estímulos visuais.

 

Sobre a influência dos estudos no Laban Center, em Londres, no seu modo de criar, conta:
“Lá foi o paraíso, porque é uma escola muito legal, e o que oferece de composição é muito bom. Você aprofunda muito o conhecimento sobre criação. Pelo menos o que eu conheci de dança ali foi o melhor. (…) Quando eu voltei, a gente retomou o grupo e fez Imagem. Acho que foi o espetáculo mais elaborado quanto à sua estrutura, com começo, meio e fim. Já não foi tão solto como Heptágono. Todas as coreografias tinham a ver com o estímulo visual”. (Gusmão, M. E. 2004)

Professora

Inicia sua atuação como professora a partir de 1988, quando funda o espaço cultural Cais do Corpo, aplicando os conhecimentos adquiridos durante seus estudos corporais nos Estados Unidos. Ao longo da década de 90, sua carreira como professora se concentra no grupo Cais do Corpo, desenvolvendo aulas para os bailarinos integrantes da companhia, um trabalho interligado com a atividade de coreógrafa do grupo.

 

A respeito da técnica de trabalho corporal usada em suas aulas, explica:
“Henry Smith foi um professor bem importante que eu tive. Misturava teatro, dança e Aikido. Era bem interessante o trabalho dele, e foi isto que eu trouxe para o Brasil, para minhas aulas. Em todas as minhas aulas eu usava som, o tempo inteiro, respiração, projeção de som. Porque eu senti que esse tipo de movimento me aquecia muito mais do que ficar calada fazendo movimento de dança.” (Gusmão, M. E. 2004)

Processos criativos

Utiliza elementos diferentes na criação, podendo inspirar-se em texturas, espaço, tempo, dinâmica, gravuras, poemas, entre outros, para compor o movimento. Não tem um elemento essencial para esse processo. A sugestão para sua coreografia pode vir de diversos campos. Com esses elementos, passa a investigar maneiras de transmitir sensações e sentimentos através do corpo, num processo de laboratório em conjunto com os outros bailarinos com quem trabalha. Para a realização dessa investigação propõe várias maneiras de pesquisa, podendo ir para as ruas observar as pessoas, ou trazer objetos e assuntos para discutir em sala de aula.

 

O movimento corporal é o eixo central de suas criações. Costuma brincar com os outros elementos cênicos, para chegar ao resultado final da coreografia. Sobre isso, revela:
“Eu gostava muito de fazer movimento sem música nenhuma. Foi uma coisa que aprendi nos Estados Unidos, porque aqui a gente tinha uma mania de pegar uma música e colocar o movimento nessa música. Mas, normalmente, a gente partia de um movimento e depois colocava a música, o figurino, para ver no que dava. Engraçado como, na dança, se você mudar a música, você pode ter várias versões daquilo”. (Gusmão, M. E. 2004)

 

Seu processo de criação tem forte influência da formação adquirida nos Estados Unidos e na Inglaterra, utilizando técnicas de composição coreográfica do Laban Notation. Sobre o sistema Laban, comenta:
“Acho que o sistema Laban foi muito importante. Quando eu conheci, passei a entender que o movimento, assim como o vocabulário, precisa de algumas letras, que, juntas, vão formar a palavra. Você precisa entender quais são as letras do movimento para que você possa criar, até para você analisar e modificar. Se você não tiver essa forma de analisar, você vai ser um mero repetidor”. (Gusmão, M. E. 2004)

 

Sobre o resultado estético de seu processo de criação e o modo como são recebidos pelo público, declara:
“Eu lembro que, em Nova Friburgo, quando a gente dançou as coreografias Dinâmica e Elástico, o povo ficou meio querendo sair, ninguém entendia o que era aquilo, porque enquanto estava todo mundo fazendo piruetas a gente estava fazendo aquilo. Tinha gente que dizia: ‘eu gostei, que legal, mas aquilo é dança mesmo?’” (Gusmão, M. E. 2004)

Cronologia Profissional

1979 – Recife PE – bailarina da coreografia Variações em 4 – Teatro Valdemar de Oliveira
1981 – Salvador BA – bailarina da coreografia Paisagens Nordestinas – Oficina Nacional de Dança Contemporânea – Teatro Castro Alves
1982 – Recife PE – bailarina do espetáculo O Capataz de Salema – XI Festival de Arte de São Cristóvão
1983 – Recife PE – bailarina na peça Se chovesse Vocês estragavam Todos – Teatro Valdemar de Oliveira
1983 – Recife PE – bailarina do espetáculo Piazzollada (Fuga e Mistério) – I Ciclo de Dança de Recife – Teatro Apolo
1983 – Recife PE – bailarina do espetáculo O Anjo Azul – I Ciclo de Dança de Recife – Teatro Apolo
1984 – Boston (Estados Unidos da América) – bailarina do espetáculo Caryatids, no The Movement Consort – Public Theatre
1985 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – bailarina do espetáculo Achadic – Julliard School
1985 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – bailarina do espetáculo Women – Julliard School
1985 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – coreógrafa e bailarina do espetáculo Stalemate – Dance Event X – Julliard School
1985 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – bailarina do espetáculo Passage of Ariadne – Dance Event X – Julliard School
1985 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – bailarina do espetáculo Classical dance of Índia – Dance Event X – Julliard School
1985 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – coreógrafa e bailarina do espetáculo Rondo – Dance Event III – Julliard School
1985 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – coreógrafa e bailarina do espetáculo Kyrie – Dance Event III – Julliard School
1986 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – coreógrafa e bailarina do espetáculo Duet – Dance Event VIII – Julliard School
1987 – Nova Iorque (Estados Unidos da América) – bailarina do espetáculo Traces – Aaron Davis Hall
1988 – Recife PE – fundadora e diretora do Espaço Cultural Cais do Corpo
1988 – Recife PE – fundadora, diretora, coreógrafa e bailarina da Cia. Cais do Corpo
1989 – Recife PE – bailarina do espetáculo A Festa da Pedra – Ateliê de Francisco Brennand
1989 – Nova Friburgo RJ – diretora, coreógrafa e bailarina de Elástico, da Cia. Cais do Corpo – XI Festival de Dança de Nova Friburgo – SESC Nova Friburgo
1989 – Nova Friburgo RJ – diretora, coreógrafa e bailarina na coreografia Dinâmica, da Cia. Cais do Corpo – XI Festival de Dança de Nova Friburgo – SESC Nova Friburgo
1990 – Recife PE – diretora, coreógrafa e bailarina da coreografia Pendor – XV Festival de Inverno de Campina Grande – Teatro Severino Cabral
1990 – Recife PE – bailarina do espetáculo Lua Cambará – Blue Angel
1991 – João Pessoa PB – ganha prêmio de melhor espetáculo e melhor bailarina pelo espetáculo Heptágono – II Festival Nacional de Teatro e Dança – Teatro Paulo Pontes
1991 – Recife PE – ganha prêmio de melhor espetáculo, coreógrafa e bailarina pelo espetáculo Heptágono, do Sindicato dos Artistas e Técnicos e Espetáculos de Diversões do Estado de Pernambuco, SATED
1992 – Campina Grande PB – professora de curso de coreografia, no XVII Festival de Inverno de Campina Grande
1995 – Recife PE – diretora, coreógrafa e bailarina do espetáculo Imagem, da Cia. Cais do Corpo – Teatro Barreto Júnior
1998 – Recife PE – diretora e coreógrafa de Kosha, da Cia Cais do Corpo – III Festival de Dança do Recife – Teatro do Parque

Observações

As informações desta biografia foram atualizadas até maio de 2004.

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