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Formação

Inicia sua formação em balé clássico na Escola Municipal de Bailados, do Theatro Municipal de São Paulo, em 1948. No ano do IV Centenário de São Paulo, 1954, dá continuidade ao seu estudo na técnica de balé clássico, com a professora Halina Biernaka. Em 1958, ingressa na Escola de Artes Dramáticas, EAD, onde entra em contato com a dança moderna a partir das aulas com a bailarina argentina Aida Slon.

 

Em 1959, interrompe seu curso na EAD, para estudar como bolsista na Escola Coreográfica de Balé, na época situada em Leningrado, na antiga URSS (hoje em dia em São Petesburgo, Rússia). Dois anos depois, retorna para o Brasil e dá continuidade ao curso na EAD, concluindo-o em 1964.

 

Sobre seu primeiro contato com a dança moderna, comenta:
Foi quando eu me re-apaixonei pela dança. O balé clássico era muito mal dado, na época. A Aida Slon foi realmente muito importante na minha dança, foi quando eu tirei a sapatilha e fiquei descalça. Você poder utilizar seu corpo de uma forma diferente, expressar-se de uma forma diferente. Isso, junto à ligação do teatro com a dança, foram descobertas que eu fui tendo. Por isso que eu brinco dizendo que eu deveria ter ido para os Estados Unidos e não para URSS.” (Japiassú, M. 2004)

Atuação

Sua atuação artística intensa acontece no Recife, destacando-se, principalmente, na década de 80. Funda sua própria escola, em 1976, a Academia Mônica Japiassú, que manteve atividade constante no Recife até o fim dos anos 90. Esta escola constitui-se como centro importante de formação em dança da cidade, atingindo um número de 1000 alunos nos anos 80. Como professora, tem grande importância por utilizar o método de dança criativa para crianças, formando outros professores nessa área, e por tentar implementar um método de formação artística integrada, com aulas de dança, artes plásticas e iniciação musical. Em todo o período em que ensina dança, utiliza a dança moderna, sendo uma das difusoras dessa linguagem no Recife. Em 1983, junto com outros bailarinos da cidade, funda a Associação de Dança do Recife, ADR, organização responsável por uma grande produção de espetáculos na cidade, em 1983 e 1984. Como coreógrafa, destaca-se pela qualidade artística e de produção apresentadas em seus espetáculos, geralmente baseados em obras literárias, e reunindo atores, músicos e outros artistas, nas suas montagens. Como artista, é bem conceituada pela crítica cultural da época em que está mais atuante, sendo citada em artigos de Gilberto Freyre e jornalistas dos principais jornais da década de 80.

 

Em 2004, atua como professora de pilates, técnica trazida por ela para o Recife, na Academia Mônica Japiassú, que continua em funcionamento, mas sob a direção de Ângela Botelho. Pela sua contribuição ao contexto da dança no Recife, é homenageada no IX Festival de Dança do Recife.

 

Sobre sua atuação no Recife, explica:
“Acho maravilhoso quando uma criança de repente participa com seu corpo, seu ritmo, seu espaço e dança, sem você estar obrigando essa criança a fazer. Isso me emocionava muito. Eu acho que o grande trabalho que eu fiz foi esse: como educadora, introduzindo a dança criativa no Recife e a visão artística unida, incorporada de música, artes plásticas, e dança, para orientar a criança.” (Japiassú, M. 2004)

Coreógrafa

Inicia sua carreira como coreógrafa no Recife, tendo os seguintes trabalhos como principais: a coreografia Pança e Quixote (1977), baseada em textos de Carlos Drummond de Andrade sobre 21 quadros de Portinari; o espetáculo Morte e Vida Severina (1980), inspirado na obra homônima de João Cabral de Melo Neto; o espetáculo Tempos Perdidos, Nossos Tempos (1981), uma homenagem a Gilberto Freyre; o espetáculo Verde que te quero Verde (1982), baseado em obras poéticas e dramaturgas do artista espanhol García Lorca; o espetáculo Anjo Azul (1983), inspirado no filme de Ernest Lubisch, de 1930, estrelado por Marlene Dietrich; o espetáculo infantil A Flauta Mágica (1984), uma das produções mais ricas segundo Mônica Japiassú; e o espetáculo Senhora dos Afogados (1985), baseado no obra homônima de Nelson Rodrigues.

 

Sobre seus espetáculos da década de 80, comenta:
“Acabei conhecendo o diretor de teatro Rubem Rocha Filho. Nós nos demos tão bem no trabalho artístico, que fizemos vários espetáculos de teatro juntos. Teatro, não, dança. Os bailarinos diziam que era teatro, o pessoal de teatro dizia que era dança. Era uma renovação, realmente era. E teve coisas lindíssimas.” (Japiassú, M. 2004 b)

 

Sobre o ato de coreografar, reflete:
“Pois é, aqui no Brasil é muito estranho. A gente não aprende coreografia e fica coreógrafo. Sempre é assim. O que tem de bailarinos coreógrafos é impressionante. Não deveria ser, porque coreografia é um ato diferente de dançar. Tem o intérprete bailarino e tem o coreógrafo.” (Japiassú, M. 2004 a)

Professora

Sua experiência como professora de dança começa em 1972, no Clube Náutico Capibaribe, onde ensina balé clássico para crianças. No ano de 1976, abre sua própria escola, a Academia Mônica Japiassú, no bairro da Torre, que chega a ter cerca de 1000 alunos na década de 80. Nessa época, ela implanta o método de dança criativa para crianças. Em 1986, inaugura a Academia Corpo, Som e Espaço, onde tenta implantar o ensino de artes integradas (dança, música e artes plásticas) para crianças. Na década de 90, continua dirigindo sua escola, usando de novo o nome Academia Mônica Japiassú, mas agora situada em Boa Viagem. Durante sua trajetória de professora, destaca-se pelo ensino de dança criativa e dança moderna.

 

Sobre a implantação da dança criativa como método de ensino, explica:
“Foi a forma através da qual eu consegui gostar da minha profissão de educadora. Porque, se eu desse aulas de dança clássica, eu achava que estava prejudicando as crianças. Elas vinham com sono. Ninguém queria fazer nada. Era uma coisa terrível para o professor e para a criança. Eu não sou uma pessoa autoritária, nem nunca fui, não era a forma como eu queria lidar com aquilo. Queria lidar com espontaneidade, com jogos e com a criatividade”. (Japiassú, M. 2004 a)

Bailarina

Como bailarina, atua em apresentações do Programa Mercedes Benz Brasil, que, no final da década de 50, realiza atividades culturais todos os domingos no Theatro Municipal de São Paulo. No Recife, além de coreógrafa, participa, como bailarina, do espetáculo Morte e Vida Severina (1980).

 

Sobre sua atuação como bailarina, revela que a experiência de palco foi como estudante, nada muito profissional:
“Quando você estuda dança ou teatro, a forma de você passar de ano são com exames práticos. O teatro pede interpretação. Dentro da dança, você tem que dançar. (…) O máximo de experiência que tive como bailarina foi uma apresentação no Corpo de Baile de um espetáculo, no teatro Kirov, pela Escola Coreográfica de Balé”. (Japiassú, M. 2004)

Processos criativos

Geralmente, seus espetáculos são inspirados em obras artísticas que considera importantes para sua vida, como livros, poemas, óperas e filmes. A política é tema freqüente em suas criações, abordando questões humanistas em seus espetáculos.

 

Sobre isso, comenta:
“Eu sempre fiz espetáculos ligados a um contexto, podendo ser até político. Morte e Vida Severina tinha um contexto político, Lorca, também. Era a minha forma, talvez, de a luta acontecer. Eu tinha uma visão humanista da vida. Eu não pertencia a um partido socialista, nunca tive participação em partidos, mas, de qualquer forma, dentro de mim existia aquela esperança de um mundo melhor, mais justo, mais igual”. (Japiassú, M. 2004 c)

 

Sobre o início do seu processo de criação, revela:
“As coreografias, eu via dentro de mim. Não tudo, porque você parte de uma energia do bailarino, parte do que eles estão dando. O início da coisa, você está num palco sem nada, você fecha os olhos e pensa como esse palco vai ser preenchido. É muito cerebral, no início. Depois não, é orgânico, na medida em que vai havendo trocas de energia e transformações. Mas no início é muito cerebral”. (Japiassú, M. 2004)

 

No processo de criação de um espetáculo, costuma fazer laboratórios com os bailarinos. A partir da pesquisa teórica e corporal deles, monta a coreografia. A pesquisa é sempre importante para o processo de criação de sua obra. Alguns espetáculos, baseados em obras literárias, apresentam textos em cena. Sobre a forma como os textos são inseridos em suas criações, conta:
“Existiam mil maneiras diferentes, que a gente, por inspiração, colocava. Ora eu colocava um silêncio total, e só texto dançado. Ora o silêncio tinha alguma coisa de música. Ora a música era usada de pano de fundo, como no cinema, para dar mais emoção ao texto e à dança. Era muito variável, dependia sempre do que a gente queria. E a inspiração era sempre do momento”. (Japiassú, M. 2004)

 

O gestual era elemento sempre presente em suas criações, como revela:
“Eram inovações, que eu já fazia sem querer, por intuição. Eu ia sempre por esse canal de inspiração: do movimento, do gesto. O gesto também tinha um movimento, seja parado, em silêncio. Aí falavam: ‘Mônica não faz dança.’ Porque, na época, para fazer dança tinha que ficar o tempo todo levantando pernas, ou dando piruetas. E eu ficava quieta”. (Japiassú, M. 2004)

 

Um diferencial de suas criações é uma vontade de unir vários artistas num só espetáculo, a exemplo do que fazia Serge Diaghilev para montar os Balés Russos, no fim do século XIX e início do século XX, unindo os melhores pintores, coreógrafos e músicos da época, como declara:
“Para um espetáculo transcender, era preciso um diretor de teatro, um músico que colaborasse, enfim, era preciso a união das pessoas para fazer um espetáculo.” (Japiassú, M. 2004)

 

Sobre o resultado de suas criações, revela:
“Eu acho que uma das coisas que fizeram os espetáculos marcarem um pouco o Recife foi a emoção que eles passavam. Você poderia não falar em técnica, mas falar: ‘Essa foi uma obra que me emocionou, me passou determinada emoção’. Dos espetáculos que fiz, mesmo os que fizeram menos sucesso passavam esse tipo de emoção”. (Japiassú, M. 2004)

Cronologia Profissional

1972 – Recife PE – professora de balé clássico no Clube Náutico Capibaribe
1974 – Recife PE – palestra sobre A Dança Prospectiva – Rotary Club do Recife
1976/1985 – Recife PE – fundadora, diretora e professora da Academia Mônica Japiassú
1977 – Recife PE – coreógrafa de Quixote e Pança – Nosso Teatro
1979 – Recife PE – palestra sobre A Educação Artística da Criança – Rotary Club do Recife
1980 – Recife PE – coreógrafa e bailarina do espetáculo Morte e Vida Severina – Teatro de Santa Isabel
1981 – Recife PE – coreógrafa do espetáculo Tempos Perdidos, Nossos Tempos. – Teatro de Santa Isabel
1982 – Recife PE – coreógrafa do espetáculo Verde que te quero Verde – Teatro de Santa Isabel
1982 – Recife PE – coreógrafa no espetáculo Capataz de Salema – Teatro de Santa Isabel
1983 – Recife PE – fundadora da Associação de Dança do Recife, ADR
1983 – Recife PE – coreógrafa do espetáculo Anjo Azul – Teatro Apolo
1984 – Recife PE – coreógrafa do espetáculo A Flauta Mágica – Teatro de Santa Isabel
1985 – Recife PE – coreógrafa do espetáculo Senhora dos Afogados – Teatro Apolo
1986 – Recife PE – fundadora, diretora e professora da Academia Corpo, Som e Espaço
1987 – Recife PE – jurada da IV Mostra de Coreografias do Recife
1993 – Recife PE – diretora do Teatro de Santa Isabel
1996 – Recife PE – coreógrafa no espetáculo Koreographias – Teatro do Parque

Observações

As informações desta biografia foram atualizadas até maio de 2004.

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