Registro em audiovisual de entrevista com Ladimir Ferreira de Silva (Mika Silva), realizada pela equipe do Acervo RecorDança.
2013
Local: Sede do Balé Deveras, Brasília Teimosa, Recife, Pernambuco, Brasil
Duração: 96 minutos
Realização: Acervo RecorDança
Ficha Técnica
Captação de imagem: Diogo Luna
Captação de som: Diogo Luna
Entrevistadoras: Liana Gesteira e Uana Mahin
Entrevistado: Ladimir Ferreira de Silva (Mika Silva)
Hospedagem: Vimeo
Tipo de arquivo: mp4
Suporte original: mp4
Colorido
Não editado
Português
Doadora: Liana Gesteira
Doado em 30 de outubro de 2013
Detentor dos direitos autorais: Acervo RecorDança
Direitos de uso: este vídeo não pode ser reproduzido sem consentimento do detentor dos direitos autorais.
Fonte: SILVA, Ladimir Ferreira da. Ladimir Ferreira da Silva: depoimento [2013]. Entrevistadoras: G. Liana e M. Uana. Recife: 2013. Entrevista concedida ao Projeto Acervo RecorDança.
Informações institucionais: entrevista concedida para o projeto de pesquisa “Mapeando o Entrelugar da Dança Popular”, incentivado pelo FUNCULTURA, com a pesquisadora Liana Gesteira como proponente.
Biografia
Recife, PE – Brasil
Diretor, coreógrafo, bailarino e professor
Local de atuação: Recife, PE – Brasil
Ladimir Ferreira da Silva, conhecido artisticamente como Mika Silva, foi escolhido como um dos entrevistados da pesquisa Mapeando o Entrelugar da Dança Popular**, através da qual este texto foi produzido, por sua atuação como diretor e coreógrafo do Balé Deveras. O grupo, além de ter reconhecido trabalho de recriação das danças pernambucanas tradicionais para o palco, também é conhecido por ter inaugurado a vertente da Quadrilha Recriada, em 1992, levando para o ambiente estilizado das quadrilhas juninas os procedimentos e discussões dos grupos de dança popular. O trabalho artístico de Mika se confunde também com sua atuação pedagógica e política na comunidade de Brasília Teimosa e no cenário da dança recifense.
Iniciou sua trajetória artística em 1980, no grupo de Teatro de Rua Teimosinho, que utilizava criações artísticas como forma de luta social. O grupo era atuante na comunidade de Brasília Teimosa, onde Mika cresceu e reside até os dias de hoje. Em 1983, Mika inicia sua formação em dança no Grupo Folclórico Cleonice Veras, da Escola Assis Chateuabriand. Em 1985, com a aposentadoria da diretora Cleonice Veras, o grupo passa a se chamar Balé Deveras e tem uma diretoria composta por seus bailarinos integrantes. Com essa mudança, o grupo assume uma perspectiva de atuação profissional, para além do trabalho pedagógico na comunidade.
Mika se torna diretor geral do Balé Deveras em 2001, função em que permanece até os dias de hoje. Em 2013 foi o homenageado do São João, pela Prefeitura do Recife, por sua atuação no cenário das Quadrilhas Juninas. O Balé Deveras, em 1992, foi responsável por inaugurar uma nova proposta estética, denominada por Mika de Quadrilha Recriada, se diferenciando da Quadrilha Matuta e Quadrilha Estilizada. O processo de transformação das quadrilhas foi estudada pelo pesquisador Menezes Neto que explica: “Para Mika Silva, a base conceitual da quadrilha recriada é a reatualização daqueles conteúdos da tradição pouco acionados pela estilizada, porém, sem purismos e engessamentos. Segundo ele a quadrilha deve ser vista como uma expressão do homem do campo que chega à cidade e aqui recria o seu mundo” (MENEZES NETO, 2009).
Além de sua atuação no Balé Deveras, Mika integrou o Balé de Arte Negra de Pernambuco por quatro anos, na década de 90. Segundo Mika, na sua primeira apresentação com o grupo ele dançou um solo que misturava dança afro com frevo. O solo pode ser conferido no espetáculo Seis Luas em Seis Tempos. Na década de 90, Mika também ingressa por outras práticas corporais, tendo aulas de dança moderna e dança contemporânea na Cia dos Homens e no Grupo Experimental. Segundo Mika, em entrevista ao RecorDança, as vivências com esses três grupos influenciaram na sua criação para o palco (SILVA,2013). Outra importante experiência de Mika fora do Balé Deveras foi em 1999, quando selecionado para coreografar e dançar em um grupo de danças tradicionais no restaurante ‘Oba Oba do Brasil’, na cidade de Nice, França, onde permaneceu durante um ano.
A atuação política de Mika é uma marca de sua trajetória, que influencia também os seus processos criativos. Em 2006 cria o espetáculo Daqui Não saio Daqui Ninguém me Tira, que conta a história de luta da comunidade de Brasília Teimosa pela sua permanência no território onde se situa. Sua participação nos processos políticos culturais extrapola sua vivência na comunidade de Brasília Teimosa, atuando como representante de Artes Cênicas no Conselho Municipal de Cultura entre os anos de 2009 a 2012. Foi também integrante do Conselho Consultivo do Movimento Dança Recife, onde segue sua militância como associado.
Atua ainda como professor de dança em algumas instituições sociais. Em 1994, criou o Maracatu Nação Erê, e posteriormente, em 2005, o Maracatu Nação filhos de Olorum. Ambos os grupos são com crianças da comunidade de Brasília Teimosa, numa perspectiva de trabalho artístico-pedagógico. E até 2013 lidera o Balé Deveras como diretor.
Fontes
MENEZES NETO, Hugo. O Balancê no Arraial da Capital: quadrilha e tradição no São João do Recife. Recife: Ed. Autor. 2009.
SILVA, Ladimir Ferreira da: depoimento [2013]. Entrevistadores: L.G. Costa e U. Mahin. Recife: 2013. Entrevista concedida ao Projeto RecorDança.
Observações
** A pesquisa Mapeando o Entrelugar da Dança Popular foi desenvolvida pelo Acervo Recordança no ano de 2013 com o objetivo de contribuir para o entendimento das diferentes abordagens de dança que, em Recife, articulam espetáculos com base no vocabulário de tradições populares brasileiras.
Para compreender as especificidades dessa produção e refletir sobre as semelhanças e diferenças desses grupos e do que se convencionou chamar de grupos parafolclóricos, foram escolhidos 10 artistas para apresentar suas trajetórias e dos grupos que fazem ou fizeram parte.