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Formação

Inicia sua formação em dança popular desde os 4 anos de idade, de maneira espontânea, participando de festas da Igreja, na comunidade onde mora, em Altinho(PE). Nessa época, entra em contato com pastoril, reisado, frevo e quadrilha. Em 1966, vai morar em Caruaru e passa a estudar no Colégio Sagrado Coração, no qual aprofunda seus conhecimentos em dança popular, e passa a desenvolver o aprendizado em teatro, canto e música, tocando piano. Em Caruaru, tem contato maior com os ritmos de forró, baião, xaxado e coco. Ao chegar em Recife, em 1973, passa sua adolescência aprendendo manifestações populares nas comunidades. Nessa época, tem contato com o Caboclinho Tabajaras, conhecendo o folguedo a partir de Seu Manoelzinho, que, mais tarde, funda o Caboclinho Carijós. Com Mestre Salustiano, estuda o maracatu rural e o cavalo marinho. O maracatu de baque virado ela estuda com Seu Luís de França, no Maracatu Porto Rico do Oriente. Durante toda sua atividade artística, costuma desenvolver pesquisas teóricas sobre o folclore e as danças populares. Sobre o aprendizado que adquire no Sagrado Coração, conta:
“Era um aprendizado de certa forma erudito, mas a grande bagagem era nas próprias comunidades. As freiras faziam questão de nos levar para ver como eles faziam e dar o entendimento do que estava acontecendo. Tinha essa troca de informação. Desde muito pequena, eu comecei estudando para poder executar. Estudando lá, na raiz (…)” (Caraciolo, D. 2004)

Atuação

Sua atuação no cenário de dança popular no Recife tem destaque por fundar o Grupo de Dança e Teatro Retornança, em 1986, um dos primeiros a surgir após o Balé Popular do Recife, e que tem grande atividade na cidade até 1996. Além disso, tem importante atuação como pesquisadora e conhecedora da cultura popular, promovendo freqüentemente palestras e seminários em universidades e escolas de Pernambuco. Em 2004, está afastada de atividades artísticas.

Coreógrafa

Inicia seu trabalho como coreógrafa no Recife, ainda adolescente, aos 13 anos, promovendo apresentações de dança popular em colégios e comunidades. Como coreógrafa, destaca os seguintes trabalhos: coreografia da peça infantil O Rei e o Jardineiro (1982), com participação ao vivo do Quinteto Violado e com direção de Lúcio Lombardi; coreografia da peça O Batuqueiro é o Rei (1985), da Cia. de Percussão e Dança de Luciano Pimentel; a ópera Lo Schiavo(1986), de Carlos Gomes, sob a direção de Lucio Lombardi e produção da Fundarpe; e o espetáculo de dança popular Era assim…hoje (1986/1996), repertório oficial do grupo Retornança, o qual Dayse Caraciolo funda em 1986 e dirige até 1996.

 

Sobre o trabalho que realiza na peça O Batuqueiro é o Rei, revela:
“Eu fiz direção, coreografia e dancei, é bem complicado, uma experiência difícil. Quando eu trabalhava com Lúcio, ele me ajudava bastante. Era uma troca, dois seres pensantes na mesma proposta. E, de repente, me vi só, para fazer tudo: dirigir, coreografar e dançar. Foi uma experiência interessante.” (Caraciolo, D. 2004)

Bailarina

Desde os 4 anos de idade, participa como bailarina em festas e manifestações populares promovidas pela comunidade onde mora na época, em Altinho. Exerce essa atividade artística durante toda sua infância e adolescência, em Caruaru e no Recife. Passa a se apresentar de forma mais profissional a partir de 1978, ao ingressar no Balé Popular do Recife, no qual atua até 1981, participando dos espetáculos do grupo montados durante esse período. Com a fundação do grupo Retornança, além de dirigir e coreografar, também atua como bailarina. Em sua carreira, dança, como convidada, na peça infantil O Rei e o Jardineiro (1982); no espetáculo Epopéia (1984), sob direção de Walter de Oliveira; e na peça O Batuqueiro é o Rei (1985), da Cia. de Percussão e Dança, de Luciano Pimentel.

 

Sobre a experiência de dançar no Balé Popular do Recife, comenta:
“O Balé foi importante, porque abriu essa visão do profissionalismo de dançar para uma platéia que está ali comprando o ingresso do espetáculo. Antes era amadora, estava ali dançando para comunidade, interagindo com a comunidade. E no Balé, não, é um grupo de dança que vai para o teatro.” (Caraciolo, D. 2004)

Professora

Tem uma intensa atividade de divulgação das danças populares e folclore nas décadas de 80 e 90, realizando palestras e oficinas em vários lugares: na Universidade Católica de Pernambuco, UNICAP; na Universidade Federal de Pernambuco, UFPE; na Faculdade Estadual de Pernambuco, atual Universidade de Pernambuco, UPE; em escolas da rede estadual e municipal; e para grupos como Caboclinhos Sete Flexas e Afoxé Alafin Oyo.

Processos criativos

Inspira-se no universo popular para criar, buscando personagens e características de cada folguedo, para montar suas coreografias. Tem a preocupação em buscar nas origens culturais elementos para sua criação, por isso, costuma fazer pesquisa de campo, indo às comunidades e aos grupos autênticos, para entender o contexto social, político e econômico em que se dão as manifestações. Sobre a forma como o aspecto social pode influenciar na maneira de um povo dançar, declara:
“Você tem que entender o contexto, e a dança folclórica tem o contexto – social, político, econômico. A postura da dança folclórica é baixa, já a dança européia tem postura ereta. Isso depende do contexto social. A dança folclórica de um país de primeiro mundo e a de um país que já foi escravo é óbvio que vai ter posturas diferentes.” (Caraciolo, D. 2004)

 

Gosta de utilizar o texto em suas criações, pois se preocupa em fazer o público entender o contexto e as origens das danças que apresenta. Além disso, considera a teatralização uma característica forte nos folguedos populares, por garantir a interação com público, por isso mantém essa prática em seus espetáculos. Sobre isso, explica:
“Essa parte de teatralização está inserida no contexto de todos os autos populares. É um teatro de arena que tem essa interação com o público, usando o improviso. É difícil encontrar atores que tenham essa facilidade da improvisação, sem sair do personagem, sem descaracterizar, porque nisso eu era muito rigorosa.” (Caraciolo, D. 2004)

 

Na hora de criar, tem preocupação em manter a autenticidade dos folguedos populares, mas explica a necessidade de fazer mudanças para levar para a cena o folclore:
“Na hora em que você coloca no palco, a dança requer por si só uma atitude de um movimento maior, uma sincronia maior, uma unidade. Então não tem a espontaneidade que deveria existir, não há uma manutenção dessa espontaneidade, cada indivíduo dança de sua forma. Aí já descaracterizou, já mudou o espaço, já mudou o número de componentes. De certa forma, a gente não consegue fazer os figurinos da mesma maneira, porque alguns são muito grandes, alguns são muito caros, e o transporte é mais difícil.” (Caraciolo, D. 2004)

Cronologia Profissional

1978/1981 – Recife PE – bailarina do Balé Popular do Recife
1982 – Recife PE – coreógrafa e bailarina da peça infantil O Rei e o Jardineiro – Teatro do Parque
1983 – Recife PE – coreógrafa da peça A Saga e a Sina de Mateus e Catirina
1984 – Recife PE – bailarina do espetáculo Epopéia
1985 – Recife PE – diretora, coreógrafa e bailarina da peça O Batuqueiro é o Rei – Teatro José de Alencar
1986 – Recife PE – coreógrafa da ópera Lo Schiavo – Teatro de Santa Isabel
1986 – Recife PE – funda o Grupo de Dança e Teatro Retornança
1986/1996 – Recife PE – diretora, coreógrafa e bailarina do Grupo de Dança e Teatro Retornança
[19__] – Recife PE – ministra palestra sobre cultura popular na FESP, atual Universidade de Pernambuco, UPE
[19__] – Recife PE – ministra palestra sobre cultura popular na Universidade Católica de Pernambuco, Unicap
[19__] – Recife PE – ministra palestra sobre cultura popular na Universidade Federal de Pernambuco , UFPE
[19__] – Paulo Afonso PE – promove I Festival de Danças Populares
[19__] – Fernando de Noronha PE – ministra seminário sobre Folclore para escolas da rede estadual
1997– Recife PE – ministra oficina de dança para grupo Afoxé Alafin Oyo
1997– Recife PE – ministra oficina de dança para o Caboclinhos Sete Flexas
1998 – Recife PE – diretora artística do músico Edy Carlos

Observações

As informações desta biografia foram atualizadas até maio de 2004.

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