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Recife, Brasil – PE
Nascimento: 1960
Local de atuação: Recife, PE – Brasil

Alexandre Macedo tem uma trajetória expressiva na dança popular como bailarino, integrando elencos do Balé Popular do Recife (1984-1988) e do Maracatu Nação Pernambuco (1997-2001); como fundador e coreógrafo do Balé Brincantes de Pernambuco (1998-1993); como professor e coreógrafo da Escola de Frevo (2003 -2007) e como arte-educador, atuando em escolas e projetos sociais do Recife. Entre os anos de 2005 a 2011 ocupa o cargo da Gerência de Dança da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. Em 2012 funda a Mobile Cia de Dança, que atua como um grupo de dança contemporânea em diálogo com as danças populares. O trânsito de Alexandre por essas experiências levou a pesquisa Mapeando o Entrelugar da Dança Popular**, através da qual este texto foi produzido, a revisitar a sua trajetória com vistas a entender a articulação dos conteúdos da dança popular em diferentes contextos.

 

O interesse de Alexandre por práticas de dança se dá a partir de aulas de Ginástica Rítmica durante o curso de graduação em Educação Física, pela Universidade Federal de Pernambuco (1978-1982). Em 1981, participa do espetáculo Tempos Perdidos, Nossos Tempos (1981), coreografado por Mônica Japiassú e dirigido por Rubem Rocha Filho. Nessa época, investe na formação em dança, tendo aulas de balé clássico, dança moderna e jazz com Mônica Japiassú, Bernot Sanches, Fátima Freitas, Lennie Dale, Isabel Sehbe, entre outros. Ao longo de sua trajetória agregou a experiência de aulas em técnicas de dança moderna e contemporânea com professores locais e de outros estados, em paralelo a sua formação em dança popular.

 

Em 1983 integra o elenco do teatro de revista Tal Qual Nada Igual (1983), com texto de Jomard Muniz de Brito, coreografado por Fabio Coelho e dirigido por Guilherme Coelho. Nesse mesmo ano participa da primeira montagem do espetáculo O Baile do Menino Deus (1983), de Ronaldo Brito. Participa como bailarino, em 1987, do Cabaré Voador – Circo Voador, casa de espetáculos que reunia números de dança, teatro, magia, entre outras performances.

 

Ao ingressar no Balé Popular do Recife, em 1984, tem uma intensa vivência com a dança popular da forma como estruturada pelo grupo, tendo aulas com André Madureira e Ângela Fisher. Integra o grupo de 1984 a 1988, participando do elenco de Prosopopéia em 1984, de Nordeste – A dança do Brasil (1987) e de outras apresentações e viagens promovidas pelo grupo nesse período, e passa a ser reconhecido como atuante bailarino de dança popular na cidade. Integrou ainda, em 1997, o elenco Maracatu Nação Pernambuco, com o qual viaja pela Europa e pelos Estados Unidos até 2001. Com este grupo, faz ainda uma temporada de três meses em Paris.

 

Como coreógrafo, Alexandre Macêdo tem expressiva contribuição a partir de sua atuação no Balé Brincantes, fundado em 1988 por ex-bailarinos do Balé Popular do Recife. Durante sua permanência no grupo, até 1993, atua como coreógrafo dos seguintes espetáculos: Magia – Dança e Tradição (1989); Gitano (1989); Uakit (1990) e Procissão dos Farrapos (1991). Este último representa um marco de criação no cenário de dança popular, por quebrar com o modelo de encenação difundido pelo Balé Popular do Recife. Segundo Valéria Vicente, Procissão dos Farrapos “interrompe o imaginário onírico e idealizado sobre o povo ao apresentar danças populares dentro do cotidiano de mendigos” (VICENTE, 2011). Procissão dos Farrapos ganha prêmios pelo Festival Nacional de Arte de João Pessoa, FENART e pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões de Pernambuco, SATED-PE e viaja para 16 cidades portuguesas, pelo projeto CumpliCidades realizado pela Fundação Joaquim Nabuco, FUNDAJ.

 

Antes disso, tem duas experiências expressivas como coreógrafo no trabalho O Quarto Mundo (1985) criado junto com Raimundo Branco e Célia Meira, o qual premiado em 1º lugar na II Mostra de Coreografias do III Ciclo de Dança e considerado um marco da dança contemporânea na carreira dos três. E, em 1987, coreografa, junto com Raimundo Branco, o espetáculo Litanias de Satã, sob direção de Carlos Carvalho. Este trabalho obteve menção honrosa na IV Mostra de Coreografias do V Ciclo de Dança.

 

Tem forte atuação também como professor de dança, ensinando em escolas e instituições do Recife. Ensinou danças populares nos colégios Marista e São Luiz, de 1995 a 2000. Em 1999, integra o projeto Criança Esperança, da UNICEF, dentro do qual dá aulas de dança, dirige e coreografa um grupo de 70 crianças e adolescentes no município de Palmeira dos Índios (AL). Em 2003, é contratado pela Escola Municipal de Frevo, onde acompanha os alunos, em Salvador (BA), para participar do 9º DACI – Conferência Internacional de Dança para Crianças e Adolescentes, e permanece ensinando e coreografando até 2007. Enquanto coreógrafo da Cia de Dança da Escola de Frevo recebe 1º Lugar pelo espetáculo “Recifervendo” no Passo de Arte São Paulo e 2º lugar no Youth America Grand Prix, em New York (2006). Outra atuação de Alexandre Macedo no cenário da dança recifense foi sua nomeação para cargo da Gerência de Dança da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, onde permaneceu de 2005 a 2011.

 

Em 2012 funda a Mobile Cia de Dança, que aponta para uma mudança na perspectiva de criação de Alexandre Macedo, por assumir a direção de um grupo de dança contemporânea. Em entrevista ao RecorDança, o artista afirma que o foco de seu interesse permanece na dança popular, mas com outra abordagem. “Se a discussão era sobre o parafolclorico, o recriado, hoje em dia a gente está com outro pensamento, mais focado na pesquisa, na dança contemporânea mesmo, fundamentada na dança popular”, conta (MACEDO, 2013).

Fontes

MACEDO, Roberto Alexandre: depoimento [2004]. Entrevistadores: H. Sette. Recife: 2004. Entrevista concedida ao Projeto Recordança.
 
MACEDO, Roberto Alexandre: depoimento [2013]. Entrevistadores: L.G. Costa e U. Mahin. Recife: 2013. Entrevista concedida ao Projeto Recordança.
 
VICENTE, Ana Valéria. Dança Popular: Quem? Oque? Quando? Como? Por quê?. In Coleção RecorDança: Vol 1 – vídeos; organização Liana Gesteira Costa. Olinda, PE: Ed. Associação Reviva, 2011.

Observações

*Esse texto foi escrito por Daniela Santos, Liana Gesteira Costa, Valéria Vicente.
** A pesquisa Mapeando o Entrelugar da Dança Popular foi desenvolvida pelo Acervo Recordança no ano de 2013 com o objetivo de contribuir para o entendimento das diferentes abordagens de dança que, em Recife, articulam espetáculos com base no vocabulário de tradições populares brasileiras.
Para compreender as especificidades dessa produção e refletir sobre as semelhanças e diferenças desses grupos e do que se convencionou chamar de grupos parafolclóricos, foram escolhidos 10 artistas para apresentar suas trajetórias e dos grupos que fazem ou fizeram parte.
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