Nascimento: 1952
Recife, PE – Brasil
Cantor, ator, dançarino, coreógrafo, compositor, professor
Local de atuação: São Paulo, SP – Brasil
Antônio Nóbrega foi elencado entre os entrevistados da pesquisa Mapeando o Entrelugar da Dança Popular**, realizada em 2013, devido a representatividade nacional do seu trabalho inspirado nas tradições populares. Apesar de formação musical erudita sua atuação transita entre a produção musical, teatral e de dança, com diferentes ênfases durante sua carreira.
A dedicação à dança tomou maior proporção em sua trajetória a partir de 2008 culminando na criação da Antônio Nóbrega Cia de Dança, em 2012. No entanto, é possível verificar que a dança popular integra sua formação como criador desde a década de 1970, através do contato com as danças do Boi do Capitão Pereira, com a capoeira, através do Mestre Zumbi Bahia e com o frevo, através do Mestre Nascimento do Passo.
Em sua trajetória profissional a relação com a dança atravessa sua atuação, como professor, na graduação em dança na UNICAMP, no qual ministrou disciplinas de danças brasileiras; em trabalhos audiovisuais como a série de vídeos Danças Brasileiras (2004 e 2005) e em espetáculos como Figural (1990) e em diversos momentos dos seus shows musicais como Na pancada do Ganzá (1995) e Nove de frevereiro (2006).
A longevidade de sua atuação artística coloca Antônio Nóbrega como testemunha de significativos momentos históricos como a criação do Balé Armorial (1975), que acompanhou como músico. Também influenciou o movimento de capoeira no Recife ao abrir seu espaço Boi Castanho em Casa Forte para atuação pedagógica do capoeirista Baiano Zumbi Bahia, no final da década de 1970.
A carreira artística de Antônio Nóbrega tem início na infância dentro do conjunto musical, composto por ele e suas irmãs. No entanto, torna-se expressiva a partir da década de 1960 quando participa da Orquestra de Câmara da Paraíba e da Orquestra Sinfônica do Recife e, em seguida passa a integrar, como instrumentista e compositor, o Quinteto Armorial.
O contato com o movimento armorial o apresenta a tradições culturais de sua região, cujo encantamento provocado redireciona sua carreira para o estudo das manifestações populares e para uma formação mais ampla que inclui gestualidade, dramaturgia, dança e interpretação. A partir de 1976 começa a desenvolver um estilo próprio através da realização dos espetáculos “A Bandeira do Divino” (1976), “A Arte da Cantoria”(1981), “Maracatu Misterioso”(1982), “Mateus Presepeiro”(1985).
Em 1985, colabora na criação do Curso de graduação em Dança da UNICAMP e do Departamento de Artes Corporais, sendo responsável por disciplinas relacionadas a danças e tradições populares. Continua sua investigação cênica com os espetáculos “O Reino do Meio-Dia”(1989), de Francisco Medeiros, “Figural”(1990), com direção de Romero de Andrade Lima.
Em 1992, juntamente com a estreia do espetáculo “Brincante”(1992), criado juntamente a Bráulio Tavares, funda o Teatro Escola Brincante com a atriz Rosane Almeida. Em torno no personagem Tonheta, protagonista do espetáculo Brincante e inspirado em personagens bufões da cultura brasileira, cria “Segundas Histórias”(1994), com texto de Bráulio Tavares e direção deste e de Rosane Almeida.
“Na Pancada do Ganzá” (1995), direciona a atenção ao legado musical dos cocos e obtém grande sucesso no Brasil e exterior. Para este CD cria o selo Brincante através do qual lança discos autorais, sempre acompanhados de espetáculos. “Madeira Que Cupim Não Rói” (1997) , “Pernambuco falando para o Mundo” (1998) , “O Marco do Meio Dia”(2000), “Lunário Perpétuo” (2002) e dois Cds “9 de Frevereiro” (2006) são frutos desta produção de ênfase musical.
No ano de 1999, participou do Festival D’Avignon (França) com o espetáculo “Pernambouc ” preparado especialmente para o público francês.
Em 2003 lançou o DVD “Lunário Perpétuo”, com o registro do espetáculo em película, sob a direção do cineasta Walter Carvalho. Em 2004 realizou, em parceria com o cineasta Belisário Franca, a série “Danças Brasileiras” apresentada no Canal Futura a partir do mesmo ano.
Em 2008, criou o espetáculo de dança “Passo” e lançou o DVD “9 de Frevereiro”, dirigido por Walter Carvalho. Em 2009 estreou “Naturalmente – Teoria e jogo de uma dança brasileira”, escolhido pela Folha de São Paulo como melhor espetáculo de dança do ano, ganhador do Prêmio APCA e eleito pela Revista Bravo como Melhor espetáculo de dança encenado no país na primeira década do século XXI. Em 2011, lançou o DVD, “Naturalmente”, produzido pelo SESC e dirigido por Walter Carvalho.
Em 2012 e 2013 trabalha na criação da Antonio Nobrega Cia de Dança, com a qual produz o espetáculo “Humus”(2013).
Mantém o Teatro Escola Brincante, através do Instituto Brincante dirigido por sua esposa Rosane Almeida. Nesta escola realiza cursos, oficinas, mostras e encontros com artistas de todo o país.
Ao longo de sua trajetória recebe diversos prêmios como “Shell”, “APCA” e “Mambembe”. Em 2003 recebe da presidência da república e Ministério da Cultura, a Comenda do Mérito Cultural. Em 2009 ganha o Prêmio TIM, pelo CD “9 de Frevereiro”; em 2010, é premiado pela Fundação Conrado Wessel na categoria “Cultura”, pelo conjunto de sua obra. Em 2014, ganha Prêmio Governador do Estado para Cultura 2013, na área de dança pelo voto popular, pelo espetáculo Húmus e sua trajetória Artística, e é homenageado do Carnaval do Recife, realizando show na abertura deste evento.
Observações
** A pesquisa Mapeando o Entrelugar da Dança Popular foi desenvolvida pelo Acervo Recordança no ano de 2013 com o objetivo de contribuir para o entendimento das diferentes abordagens de dança que, em Recife, articulam espetáculos com base no vocabulário de tradições populares brasileiras.
Para compreender as especificidades dessa produção e refletir sobre as semelhanças e diferenças desses grupos e do que se convencionou chamar de grupos parafolclóricos, foram escolhidos 10 artistas para apresentar suas trajetórias e dos grupos que fazem ou fizeram parte.